Eu sinto saudades não dos momentos de festa. Sinto falta das noites de quarta, qundo visitava sua casa. Sinto saudades dos casos imensos que contava, das inúmeras digreções que fazia ao longo deles e de como era complicado acompanhá-los. Sinto saudades daquele Natal que entrou na cozinha com um saco cheio de singelas lembranças. Como fazem falta as expressões que usava, a forma particular como segurava o copo. De você, herdei o desgosto por telefones e a birra de atendê-los. Lembro do pente que carregava na gibeira, da touca que usava em dias de frio, dos gemidos quando estava doente e da eterna receita de “um pouquinho de pinga” para qualquer mal do corpo e da alma. Lembro com saudades das tantas vezes que tentou me tirar pra dançar e do quanto eu relutava, na minha timidez, para aceitar o convite. Quando passo na frente da casa ainda posso vê-lo recostado na cadeira, com os pés no portão, dormindo depois do almoço, sempre com o prato ainda no chão. Ainda não consegui voltar no restaurante e pedir a peixada que tanto gostava. O Thomás cada dia se parece mais com você, o jeito de andar com as mãos para trás, o gosto pela roça, os casos que ele aprendeu. Nós nunca mais seremos completos. Não foi o primeiro Natal sem você, vô, são todos os dias do resto de nossas vidas, dos quais não mais fará parte. Não será mais meu aniversário, será mais um ano sem sua companhia. A tristeza não pode e não fará parte de nossas vidas, pois isso seria questinar as vontades de Deus, mas a sua lembrança e a saudade que deixou farão sempre parte de nossos dias, até que finalmente possamos reencontrá-lo.
Com amor, da sua neta.
Com amor, da sua neta.
2 comentários:
puxa...
bela homenagem...
ainda bem que a certeza do reencontro ameniza a saudade...
Que contudente,...
paraens pelas palavras
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