sexta-feira, 21 de julho de 2006
Velhos hábitos
Mais uma etapa da minha vida está acabando. Sexta-feira eu vou até o Ministério do Trabalho fazer meu acerto trabalhista. Cara, vou chorar bicas... Já quase chorei quando assinei meu aviso prévio, imagina quando for pra valer mesmo! Mesmo sabendo que eu to saindo pra fazer alguma coisa que eu quero demais, que vou realizar um sonho, não da vida inteira, mas o sonho que mais me atormentava ultimamente. Mesmo assim dá aquele medo de largar tudo! Deixar velhos hábitos não é fácil. Mas ninguém disse que seria, não é mesmo? Isso me fez lembrar do quanto eu tinha medo quando mudava de escola, ou passava para uma nova série na escola. Nossa, eu jurava que não seria capaz de fazer aquilo. Os velhos hábitos sempre nos forçam pra trás, como um elástico preso à nossa cintura, nos impedindo de ir pra frente. Muito difícil mesmo se libertar disso. Velhos hábitos já são conhecidos, já nos acostumamos com eles e, por mais que eles nos sejam nocivos, aprendemos a driblar as partes ruins. Velhos hábitos são como a casa da gente, é sempre bom viajar, mas voltar pra casa não tem preço. Às vezes a vida da gente vai ficando cheia de velhos hábitos, começamos a ter cheiro de biblioteca, aquele cheiro de coisas velhas amontoadas. Começamos a deixar teias de aranha se acumularem nos nossos cantinhos, a deixar um rastro de poeira por onde passamos. Por mais legal que seja manter esses velhos hábitos, tem uma hora na vida que a gente precisa de uma faxina completa. Às vezes fazemos uma coisa há tanto tempo que nos esquecemos da importância dela, ou do porquê de fazê-la. Não é fácil mudar nossas atitudes, mudar nossas ações, a cor do cabelo, o emprego que acaba com você, largar aquele cara que não te dá valor. Não é! Dá um frio na barriga, uma sensação de abandono, de perda, de incapacidade! Eu, depois de ter pensado por mais de quatro anos, resolvi que já era hora de fazer o que eu queria, e não mais o que as pessoas esperavam que eu fizesse. Pedi para que meu “paitrão” me demitisse, vou me matricular em um cursinho pré-vestibular e, no final do ano, vou prestar vestibular para arquitetura. Complicadíssimo, porque eu tinha o meu dinheiro, eu fazia o que bem entendia e não devia satisfação a ninguém. Agora, vou voltar pra baixo das asas do meu pai, vou depender de mesada novamente. Vou gastar minhas manhãs num banco de cursinho, tentando relembrar coisas que aprendi há mais de cinco anos! Não é fácil pensar que vou colocar meu diploma numa gaveta e vou começar tudo novamente. Ouvir pessoas falarem que eu estou me precipitando, que arquitetura não vai encher a minha barriga, que eu estou desperdiçando meu potencial. Será que ninguém parou pra pensar que talvez eu tenha mais potencial pra outra coisa, que eu esteja sim desperdiçando meu potencial, mas fazendo o que eu não gosto? Tem uma frase muito linda, que eu sempre gosto de citar “cada um sabe a dor e a alegria de ser o que se é”. Só Deus sabe o quanto foi difícil tomar essa decisão, quantas vezes eu fui dormir tarde, pensando o que seria da minha vida. Quantas vezes eu chorei até não poder mais porque não agüentava mais aquilo, porque precisava de uma mudança. Chorar não resolve nada, perder noites pensando também não. Aliás, estresse só causa envelhecimento precoce, queda de cabelo, gastrite nervosa, perda de amigos. Foi por isso que eu resolvi tomar uma atitude logo, enquanto eu ainda tinha vontade, e parei de pensar demais no futuro. Como diria uma amiga minha, entreguei! De nada ia me adiantar ficar me preocupando com o meu futuro em longo prazo. Se eu pensar de mais, faço de menos, deixo aquele elástico preso à minha cintura me puxar pra trás. Sou muito feliz e grata por tudo que aconteceu na minha vida até hoje, mas está na hora de seguir em frente e fazer o que eu quero, o que eu gosto. Se não der certo, existe sempre um plano B: fazer artesanato e vender na praça!
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