quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Homenagem aos pais (dia da formatura)


A sala de espera parecia pequena diante de tanta ansiedade. O coração batia num ritmo acelerado. Aquelas pessoas ali pareciam não compreender a importância daquele momento. Então, uma porta se abriu e uma enfermeira, sorrindo, deu a tão esperada notícia: “Parabéns, papai, é uma menina, é um menino!”.

Muito tempo se passou desde aquelas palavras, palavras que foram um passaporte para uma viagem incrível, repleta de descobertas, alegrias... O primeiro sorriso, a primeira palavra, os primeiros passos, o primeiro tombo, o primeiro castigo, entre tantas outras primeiras vezes. Vocês mais que pais, foram professores, conselheiros, amigos, disciplinadores, torcedores...

Obrigada pela paciência em me ensinar todos aqueles intermináveis “para-casas”, mesmo com minha teimosia em não aceitar suas respostas.

Obrigada pela “corujice” nos jogos de futebol, nos recitais, nas apresentações de balé, nos campeonatos de karatê, de natação... Eu podia ser a pior daquele grupo, mas para você sempre fui uma vencedora.

Obrigada pelo apoio nos momentos difíceis, sempre com uma palavra de carinho, um conselho, um colo.

Obrigada por terem cuidado de mim sempre, pelas noites mal dormidas ao lado da minha cama, vigiando a minha febre, fazendo eu parar de chorar ou me alimentando de hora em hora. Ainda me lembro das vezes que eu adormecia no sofá e vocês me carregavam até minha cama, dos beijos de boa noite...

Obrigada pelas noites em claro me esperando chegar de alguma festa, como o coração apertado vigiando o relógio e imaginando onde eu estaria, com quem estaria e o que estaria fazendo. Sei que o desejo de vocês era que eu nunca saísse de casa.

À medida que fui crescendo, aprendi a tomar minhas próprias decisões e, muitas vezes, isso provocou choques entre nós. Obrigada por terem me deixado quebrar a cara em algumas delas. Dizem que é errando que se aprende, não é mesmo? Eu, certamente, aprendi lições valiosas.

Há cinco anos, quando vocês pensavam que já tinham passado por emoções suficientes, o meu nome em uma lista mudou suas concepções: eu agora era uma aluna da UFU. A gente chorou, gritou, comemorou. Daquele dia pra cá, muita coisa mudou, eu me tornei uma adulta, tomei algumas decisões que vocês não aplaudiram e outras que os deixaram orgulhosos.

Mesmo que nossas idéias algumas vezes pareçam contrárias, mesmo que eu me recuse, desde o primeiro dia até hoje, vocês são meu grande exemplo de vida. Aquela música do Renato Russo, Pais e Filhos, é muito verdadeira quando diz: “você me diz que seus pais não lhe entendem / mas você não entende seus pais / você culpa seus pais por tudo / isso é absurdo / são crianças como você / o que você vai ser quando você crescer”.

Hoje, quero me desculpar pelas palavras amargas ditas em momentos de raiva, pelas brigas, pela impaciência, pela implicância, pela incompreensão. Perdão por não expressar diariamente o quanto vocês são importantes na minha vida, o quanto sou grata por tudo e o quanto os amo. Tudo o que sou, devo a vocês, à sua garra, ao seu empenho em fazer a coisa certa, à sua confiança, ao seu amor.

Nesta noite, esse salão parece pequeno, seus corações batem num ritmo acelerado e todas essas outras pessoas aqui presentes parecem não compreender a importância deste momento. A qualquer momento, vai subir neste púlpito alguém trazendo a notícia tão esperada: “Parabéns papai e mamãe, é uma administradora, é um administrador”.

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