O Brasil assistiu nos últimos meses, atônito, a uma onda de violência que deixou, entre tantos mortos, o menino João Helio, arrastado por cerca de sete quilômetros pelas ruas do Rio de Janeiro. No país há cerca de 70 milhões de pessoas que não completaram o ensino fundamental. A educação pública brasileira é precária, carece de investimentos, não é inclusiva. Parte da população brasileira mora em favelas e sobrevive com menos de um salário mínimo por mês. Diante de tantas injustiças, tantos problemas, é correto que a sociedade permaneça calada?
Ainda existem pessoas que acreditam que o exercício de cidadania finda no voto, transferindo para os governantes toda a responsabilidade pelos problemas do país. Apáticas, assistem ao desenrolar dos fatos pela televisão e limitam o descontentamento que sentem às paredes de suas casas. Apenas esperam que nas próximas eleições novos governantes surjam com a solução para todos os problemas.
O voto é um meio de mudar a situação do país, mas não se deve restringir o exercício da cidadania a ele. A sociedade tem o direito e o dever de mobilizar-se e lutar por melhorias no país. Deve cobrar dos governantes clareza com relação ao pagamento de impostos e o destino dado à receitas oriundas destes. A sociedade civil organizada, por meio de movimentos ou ONGs (Organizações Não Governamentais), deve preencher as lacunas deixadas pelos governos, deve trabalhar em parceria com estes, no intuito de melhorar as condições de vida da população.
Quem se cala perante os problemas sociais, quem não contribui para diminuí-los, acaba por concordar com a situação. Os brasileiros devem reascender o espírito de coletividade, compreendendo que juntos podem tirar o Brasil dessa situação de caos social. Não bastam manifestações passageiras, como as que aconteceram na ocasião da morte do menino João Helio, é necessário tornar rotineira a luta por um país melhor e mais justo. Essa deve ser uma luta de todos em benefício de todos.
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