Eu calo meus pensamentos durante o dia, mas não consigo evitá-los à noite: penso, logo, não durmo. Nem me lembro qual a última noite que deitei e dormi em seguida. Deito e rolo de um lado para o outro, como um rolo de macarrão.
Penso no quanto meu mundo está de cabeça para baixo. Penso que nos últimos meses não houve um dia que eu não tenha chorado ou sentido vontade de chorar. Penso que, mesmo rodeada de pessoas, eu nunca me senti tão sozinha e tão distante de tudo.
Penso que num mundo perfeito não haveria insônia e que eu estaria em uma super-ultra festa e não em casa, numa sexta à noite, ouvindo a Transamérica e pensando na minha patética vida.
Nesse mundo perfeito, provas de cálculo seriam apenas lendas; meus projetos se desenhariam sozinhos; não precisaria de uma monografia chata para que me dêem meu diploma.
Eu seria uma pessoa bem menos complicada e bem mais resolvida. Eu me apegaria menos àquelas pessoas que de certa forma se apegaram menos a mim e valorizaria mais aquelas que importam.
Nesse mundo haveria menos desculpas porque eu não faria tanta besteira. Não haveria saudade porque não haveriam despedidas. Não creio que seja errado querer quem a gente quer bem sempre por perto.
No meu mundo perfeito, músicas de axé me deixariam feliz, o final do outono seria uma época linda, afinal, está frio lá fora. Haveria menos lágrimas, apenas as de felicidade existiriam, porque eu me iludiria menos, me odiaria menos.
Num mundo perfeito o radialista tocaria músicas menos perfeitas, eu conseguiria terminar esse texto e...
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