Minha primeira paixão foi um menino que se chamava Fábio. Estudamos juntos no primário. Ele era muito lindo e motivo de paixão de todas as meninas da escola. Na primeira série faríamos uma festa junina na escola e, para a minha felicidade, ele seria meu par na quadrilha. Mas como alegria de pobre dura pouco, a festa aconteceu, porém não tivemos quadrilha. Lembro que fui apaixonada por ele durante todo o primário, e que fiz inúmeras simpatias por ele. Ele dava bola para todas e para ninguém ao mesmo tempo. Nunca esqueci dos olhos meio puxadinhos dele nem do sorriso largo.
Na quinta série o Diego se virou para traz, apoiou o rosto nos braços cruzados sobre a minha mesa e disse: “Camilinha, namora comigo?”. Eu respondi não e ele virou para frente. Meu primeiro fora. O Diego fazia o tipo cowboy, sempre de boné, calça jeans justa, botas e, às vezes, uma corda com a qual ele laçava as meninas no recreio, ou seja, era popular. Naquela época eu tinha uma queda pelo Eudes, um amigo meu, acho que foi por isso que eu dispensei o Diego. Inocência, troquei o certo pelo duvidoso, como tantas outras vezes.
Na sétima série eu conheci quem considerei (na época) o grande amor da minha vida, o Zezão, o aluno novo na escola. Foi por causa dele que comecei a escrever poemas, comecei a torcer pelo Vasco da Gama e passei uma virada do ano trancada no carro chorando. Eu arrastava um trem por ele, mas ele nem me dava bola. Certo dia, curiosa pra descobrir onde ele morava, eu o segui até em casa. Eu era uma pessoa sem noção, era brega no modo de vestir, não tinha consciência que o meu cabelo mais parecia uma juba de leão, usava esmalte laranja ou verde e tinha um sorriso metálico com borrachinhas coloridas. Fui apaixonada por ele por dois anos e meio e o máximo que consegui dele foi uma foto.
Minha primeira paixão correspondida durou um dia, ou melhor, uma manhã. Foi estranho, engraçado, muito bom e muito ruim.
Hoje eu ainda tenho marcas de cada uma dessas pessoas que passaram pela minha vida: ainda torço pelo Vasco, ainda não gosto de dançar e tenho um estranho gosto por paixões platônicas. Como defeito, trago a mania de me envolver ale do que deveria, de criar expectativas que quase nunca se realizam. Ainda penso que sou punida por ter dado aquele fora no Diego.
Daquela adolescente só algumas coisas restaram: meu cabelo hoje está bem curto e é, na maior parte do tempo, liso, meus dentes são brancos e retos, aprendi a me vestir, perdi boa parte da minha timidez. Falo duas línguas, estou praticamente formada em administração e faço arquitetura. Ainda escrevo, mas abandonei os poemas. Mesmo tendo deixado aquela menina magrela, desajeitada e sem noção no passado, continuo pensando que existe alguma coisa errada comigo, porque ainda continuo atraindo para mim só as pessoas erradas. Acho que por mais que aprendamos com o passado, alguma coisa nos leva a cometer sempre os mesmos erros.
Eu gostaria de reencontrar essas pessoas do passado pra mostrar pra elas que eu cresci, que eu melhorei muito. Quem sabe assim eu enterro esses fantasmas e consigo seguir com a minha vida ...
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