Nada como começar o ano com
planos. Principalmente com planos que você consiga cumprir. Decidi que, ao
invés de resoluções mirabolantes, começaria o ano de 2014 com uma lista de
livros que quero ler. Uma forma de me manter sempre ocupada fazendo algo que realmente
eu gosto.
Para começar o ano, A arte de
ser leve, da autora Leila Ferreira. Estava na cidade de Araxá/MG, para
descansar das festas de fim de ano e comemorar meu aniversário de 30 anos.
Sempre me interessou a leveza das pessoas, como que algumas pareciam levar a
vida flutuando, enquanto eu carregava sempre o mundo nas minhas costas. O
livro, mais que uma receita para a leveza, era uma coletânea de entrevistas com
personagens anônimos e famosos sobre como levavam a vida. Mas ainda que não
fosse uma receita, me incentivou a levar a vida com menos peso nos ombros. E
para a minha surpresa, a autora citava a cidade de Araxá várias vezes no livro.
Senti uma certa providência. Voltei de Araxá com as baterias recarregadas e
inspirada a levar a vida mais tranqüilamente.
Quem me conhece sabe que adoro
dar livros de presente e, principalmente, ganhar livros! De aniversário, meu
irmão me presenteou com dois livros que são a cara dele: Anjos, companheiros
do dia a dia, do Monsenhor Jonas Abib, e A infância de Jesus, do
Papa Emérito Bento XVI. O livro do Monsenhor conta, baseado em relatos da
Bíblia e de santos, a atuação dos anjos ao longo da história e na nossa vida.
Achei interessante conhecer um pouco mais sobre os anjos, porque temos uma
tendência a ignora-los no nosso cotidiano. Porém achei a linguagem do Monsenhor
muito confusa, às vezes repetitiva. Nossos estilos literários não combinaram. O
segundo livro, do Papa, esse foi uma leitura deliciosa, fácil, rápida. Fiquei
encantada. Já conhecia a história de Jesus, mas o Papa Emérito faz relações
entre o antigo e o novo testamento que esclarecem de forma brilhante episódios
da infância de Jesus. Sempre que leio um livro interessante tenho a mania de
compartilhar com quem está em volta. No caso desse livro específico, li vários
trechos para minha mãe e, por fim, acabei passando o livro para ela ler, já que
eu estava praticamente lendo tudo para ela.
Meu trabalho não é muito
constante e, muitas vezes, me vejo sem absolutamente nada para fazer. Para
esses momentos tenho livros em PDF salvos no meu computador, para me salvar
desses momentos de ócio completo. Outra mania minha é ler mais de um livro ao
mesmo tempo. Sempre tenho um livro físico para ler durante as sessões de
drenagem linfática, as horas de espera nos consultórios médicos, os momentos de
bronzeamento na beira da piscina, naquelas horas de insônia e meus livros
digitais para ler nas ocasiões que não posso ficar com um livro aberto na minha
frente.
Meu primeiro livro digital do ano
foi Mil dias em Veneza, de Marlena de Blasi. Eu tinha começado a ler
esse livro no ano passado, mas achei a leitura um tanto enfadonha, e acabei
abandonando. Porém, abandonar livros não é uma coisa que me agrada. Gosto de
terminar tudo que começo, por isso resgatei esse livro na minha lista. A
leitura não melhorou, continuou bem cansativa, cheia de detalhes e muito longe
do meu universo. Achei até um pouco frívola. Achei muito bom quando finalmente
cheguei ao fim do livro, porém acabei descobrindo que existia uma continuação
da história, com o casal se mudando para outra cidade. Mas acho que já sofri o
bastante no primeiro livro, para ler o segundo!
O segundo livro digital do ano
foi As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky. Um livro bem
psicodélico. Não assisti ao filme de mesmo nome, preferi ler o livro. Demorou
um pouco a entender o que estava acontecendo ali e fiquei completamente chocada
com o rumo que tomou o livro. Emocionante a jornada do jovem que tenta se
livrar de um trauma de infância ao mesmo tempo que tenta se encaixar no mundo
que o cerca. Foi uma daquelas leituras que simplesmente não conseguia
abandonar.
No mês de fevereiro eu fiquei envolvida com alguns
projetos particulares e acabei negligenciando minha leitura. Nos momentos de
folga do trabalho, procurei manter, pelo menos, a leitura dos livros digitais.
O livro seguinte que li foi Garota exemplar, de Gillian Flynn. Meu Deus!
Que leitura! Esse nem dá pra contar muito do livro, porque qualquer coisa que
eu diga vai estragar toda a surpresa desse livro. Foi emocionante do início ao
fim. A história é contada sob dois pontos de vista: da mulher e do marido. A
todo momento a verdade muda. Esse foi um daqueles livros que a gente diz que
vai ler só mais um capítulo e, quando vê, já leu quase a metade do livro de uma
só vez!
No ano passado li dois livros de
John Green, A culpa é das estrelas e O teorema de Katherine. Para
fevereiro de 2014, a meta era ler os demais livros desse mesmo autor, Deixe
a neve cair, Quem é você Alasca e Cidades de Papel. Comecei por Deixe
a neve cair, que na verdade não é apenas de John Green, mas também de
Maureen Johnson e Lauren Myracle. São três histórias que se desenvolvem ao
mesmo tempo, aparentemente sem ligação, mas todas se conectam no final. Seria
uma história de amor? Provavelmente sim. Foi uma delícia ler uma história leve,
depois de ter saído do pesado Garota exemplar. Gosto da forma como o
John Green escreve, mas quando se lê vários livros do mesmo autor, você começa
a perceber manias dele que se repetem obra após obra. No caso de Green, todos
os personagens pensam enumerando seus pensamentos: “1) ... 2) ... 3) ...” ou
“a) ... b) ... c) ...”. Depois do quarto personagem fazendo isso sua vontade é
de ligar para o autor e contar que ninguém pensa dessa forma no mundo real.
Empolgada com esse último livro,
comecei Quem é você, Alasca. Os livros do John Green são voltados para
um público mais jovem, mas não sinto culpa nenhuma em gostar deles! Geralmente
têm uma história leve, divertida, mas esse puxou meu tapete. Se virar filme
algum dia, vou me acabar de tanto chorar! Me segurei para não chorar enquanto
lia esse livro, que trata sobre a amizade e sobre conhecer realmente seus
amigos. Um tema que o autor repete no livro seguinte que li, Cidades de
papel. Um mix de mistério, aventura e, talvez, um final feliz. Adoro finais
felizes! A vida já é tão difícil, precisamos de finais felizes, pelo menos nos
livros!
Enquanto lia esses livros
digitais, comecei a ler Amor Veríssimo, uma coletânea de crônicas de
Luis Fernando Veríssimo. Eu cheguei ao livro depois de ter visto na TV um
episódio da série de mesmo nome no canal GNT. Fiquei super interessada e
comprei o livro. Devo ter lido ele todo em menos de uma semana. E foi ótimo ter
lido o livro antes de ver os episódios da série, porque o livro é muito mais
completo e muito mais divertido. Uma leitura deliciosa, leve, engraçada.
Mais para que tanta leveza? Ano
passado li dois livros maravilhosos de Jojo Moyes, Como eu era antes de você
e A última carta de amor. Livros tensos, histórias de amor, um com
um final feliz, o outro não (não vou contar para não estragar a leitura). Tenho
costume de ler catálogos de livrarias, em busca de novas opções de leitura. Num
desses dias, achei outro livro dessa mesma autora, A garota que você deixou
para trás. Já sabia que não seria uma leitura tranqüila, essa autora é
densa e trata de temas pesados. Neste, ela aborda os horrores cometidos pelos
alemães na primeira guerra. Comecei com um pouquinho de preguiça, devo
confessar, o livro era bem grosso. Mas a história me envolveu. Trata-se da
história de um quadro roubado pelos alemães durante a primeira guerra, que é
comprado por um arquiteto de presente para sua esposa nos anos 2000 e a batalha
em torno da repatriação desse quadro. O livro não traz só uma história de amor,
mas várias que sempre giram em torno desse quadro.
Por coincidência, o mesmo tema da
guerra, mas desta vez, a segunda guerra mundial, é tratado no livro digital que
lia ao mesmo tempo, O ano da leitura mágica, de Nina Sankovich, mas não
é o tema central do livro. Essa autora faz um propósito de ler um livro por
dia, durante um ano, e escrever resenhas sobre os livros lidos e publicá-las na
internet. Essa foi a forma que a autora encontrou para lidar com a perda da
irmã para um câncer. O livro é o resultado dessas leituras. De cada livro que
ela leu, ela tira lições que a ajudam a lidar com a perda. Ao mesmo tempo que
ela consegue colocar sua vida nos eixos, ela afeta de forma positiva aqueles
que estão próximos. E me afetou também! Me inspirou a escrever sobre os livros
que eu já li e ainda vou ler neste ano. Não tenho a mesma pretensão da autora,
de ler um livro por dia, até porque ela conseguiu esse feito não trabalhando.
Fico feliz de sempre ter um livro comigo, em todos os lugares que vou e sempre
que tenho um tempinho livre, ao invés de assistir TV, leio e anoto num caderno as partes que mais me marcam, ou simplesmente coloco etiquetas coloridas para poder recordar num futuro quando pegar novamente aquele livro.
No início desse texto, contei que
fiz 30 anos no início deste ano. Em uma das minhas visitas à livraria,
encontrei o livro de Honoré de Balzac, A mulher de trinta anos e eu
precisava lê-lo! Não sabia nada sobre o livro, exceto que as mulheres de trinta
anos são conhecidas como balzaquianas. Paulo Rónai afirmou que "esse
conjunto de seis episódios disparatados, mal reunidos entre si e rematados por
uma conclusão melodramática, é mais apropriado a enfastiar o leitor do que a
fazê-lo procurar outras obras do romancista”. Não poderia concordar mais! Li
até o fim, mas não me instigou a procurar outras obras do autor, ou
recomendá-lo aos meus amigos. O sofrimento pára aqui!
No momento estou lendo dois livros,
O clube do livro do fim da vida, de Will Schwalbe, e O breviário da
confiança, do Monsenhor Ascânio Brandão. Esse último, presente da minha avó
no meu aniversário, chegou um pouco depois, e traz reflexões diárias sobre a fé
e a confiança em Deus. Como comecei a leitura um pouco atrasada, estou lendo os
meses que passaram, para normalizar a leitura diária. O clube do livro do
fim da vida envolve também a leitura de livros pelo autor e sua mãe numa
tentativa de superar o câncer que aos poucos tira a vida desta. Ainda estou no
início, então no próximo relato, tratarei dele.
A missão continua, 11 livros digitais me aguardam,
além de alguns físicos em casa e alguns outros na wishlist. Espero que
essa empreitada anime você também a ler. Precisamos de pessoas que leiam, que
se interessem por variados tipos de leitura, porque quem lê, viaja, conhece
novas culturas, novos lugares, novas pessoas. Não escreve bem quem não lê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário